sobre o congresso
Os Congressos da Sofie são eventos bianuais, cuja primeira edição realizou-se em 2014. O V Congresso terá por temática “A Filosofia da Educação como crise e como prática” e acontecerá entre os dias 3 e 5 de setembro de 2024, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
o congresso será híbrido (presencial e online)
eixos temáticos
Estão previstos quatro eixos temáticos. Em torno destes quatro eixos estarão organizadas três conferências, 3 mesas de conversas e as sessões de comunicação oral:
[1] O ensino da Filosofia da Educação, realidade, exigências e desafios
Mais, talvez, do que outras, a disciplina de Filosofia da educação abre um vasto campo de possibilidades para sua atuação. Desde que superou seu apreço por compêndios e pelos panteões filosóficos desfiados cronologicamente, a liberdade de que dispõe seu ensino é, talvez, uma das características mais atraentes – e também mais exigentes – da disciplina. O que praticam os docentes de Filosofia da educação em seus cursos? Com que autores trabalham? Que dificuldades enfrentam, que métodos adotam? Este eixo pretende ser um espaço de troca de experiências, de análise e de crítica da subárea.
[2] Que língua fala a Filosofia da Educação?
No alvorecer do século XX, um grande movimento propôs o que passou a ser conhecido como uma «virada linguística», que tencionava as formas até então em vigor de entender a linguagem, criticando e relativizando seus usos nas mais diferentes formas de expressão artística, na política, na literatura, na filosofia e nas formas correntes da linguagem abrindo, para a formação humana, novas possibilidades, ainda em parte inexploradas. Porém é preciso acrescentar a emergência do que poderíamos, talvez, denominar de uma segunda (ou terceira?) virada, desta feita não mais por iniciativa da reflexão filosófica, mas das profundas mudanças pelas quais a sociedade vem passando nas últimas décadas. Assim, o rápido avanço das tecnologias que, por um lado, instituem linguagens tão rapidamente quanto as destroem, e vêm atraindo sobretudo as populações mais jovens; as importantes e urgentes reivindicações de culturas, modos de vida e experiências longo tempo invisibilizadas, e que agora pedem passagem para enriquecer o pensamento e o idioma filosófico – tudo isso sem falar do necessário acolhimento das diferenças regionais e da crítica ao pedantismo acadêmico… Quantas línguas fala a Filosofia da educação? Há como aprender com as distâncias e equívocos? Há lições a tirar dessa linda cacofonia?
[3] A pluralidade da Filosofia da Educação
Não podemos filosofar como fazíamos antes: não apenas porque o caminho de sombras e de morte em que fomos precipitados não nos permitem mais fazê-lo, mas também porque é impossível permanecermos indiferentes às lindas fulgurações de vida que, apesar de tudo, insistem em se manifestar em torno de nós: temos uma dívida para com aqueles que fizemos calar por tanto tempo, precisamos ouvi-los, queremos ouvi-los, não para acolhe-los em nossa humanidade mas, antes, para sermos recebidos em uma humanidade sempre em construção. Mas isso não significa, de nenhuma forma, renunciar a tudo que veio nos constituindo: pois é ainda as fibras dessa tradição que tecem a exigência de reflexão e o desejo de ação que nos move aqui e agora. Uma tradição da qual aprendemos a crítica, o direito e o dever da interrogação, a vontade da justiça, a curiosidade e o respeito pelo outro. Não há como renegar a história sem condenar nossa razão, não há começar do zero sem estar reduzido ao silêncio, não é possível pedir abrigo em outra história pois é a nossa que devemos escrever no presente.
[4] O espaço político da Filosofia da Educação
A Filosofia da educação passou, em poucas décadas, de presença obrigatória nos rol de disciplinas dos currículos dos cursos de Licenciatura a um uso bastante disperso, por vezes incluída em disciplinas de diferentes especificidades, nem sempre guardando o título original. Isso, de certa forma, corresponderia à própria vocação da Filosofia, de fazer-se prática de reflexão inserida no cotidiano das atividades humanas e especialmente naquelas que dizem respeito à formação humana. Contudo, se essa forma de convocação da subárea tem a virtude de romper com o formalismo que frequentemente inibia sua contribuição, deve-se temer que a dispersão favoreça, em alguns casos, o aligeiramento da reflexão e a perda de rigor teórico-conceitual. Some-se ainda o antológico descaso com que as disciplinas das chamadas Humanidades são objeto, em uma sociedade cada vez mais voltada para a rapidez, para a “produtividade”, para o “empreendedorismo”, para o individualismo. A Filosofia da educação encontra-se, no que tange às políticas públicas, aos órgão financiadores e até mesmo no seio da área da Educação, relegada a um lugar que não condiz com sua importância.